quarta-feira, 5 de julho de 2017

BOAS FÉRIAS A TODOS OS LEITORES!

Depois de muitas leituras e de muitos conhecimentos adquiridos, chegaram as tão esperadas Férias de Verão. Ficam por agora os bons momentos vividos e as boas recordações.

Em jeito de despedida, os alunos do 3.º e 4.º A ofereceram à Professora Bibliotecária um belíssimo poema cheio de candura e amizade.

Para estes queridos alunos segue, como agradecimento, este magnifíco poema de Peter Handke - in Asas do Desejo, de Wim Wenders - que é também uma homenagem à infância, o período dourado da vida em que a lança da inocência perdurará para sempre balançando numa árvore.



Canção da Infância - Peter Handke

Quando a criança era criança,
andava balançando os braços,
desejava que riacho fosse rio e
que rio fosse torrente e
a poça d’agua, o mar
Quando a criança era criança,
não sabia que era criança,
tudo era cheio de vida e
a vida era uma só!
Quando a criança era criança,
não tinha opinião,
não tinha hábitos,
sentava de pernas cruzadas,
saia correndo,
usava um topetinho e
não fazia caretas pra fotografias!
Quando a criança era criança,
era o tempo destas perguntas:
Porque eu sou eu e não você?
Porque estou aqui e não lá?
Quando começou o tempo, e
onde termina o espaço?
Será que a vida sob o sol
nada mais é que um sonho?
Será que o que vejo, escuto e cheiro
não é mais que uma miragem do mundo
anterior ao mundo?
Será que o mal existe mesmo e
pessoas realmente más?
Como pode? Eu que sou eu,
não existia antes de existir e
que alguma vez eu,
aquele que sou não serei mais quem sou?
Quando a criança era criança,
refugava espinafre, ervilhas,
pudim de arroz e couve-flor.
Agora come tudo e
não só porque precisa.
Quando a criança era criança,
acordou numa cama estranha, e
hoje em dia o faz sempre
muitas pessoas pareciam bonitas outrora.
Hoje muito raramente.
Só com sorte.
Tinha uma visão precisa do paraíso,
agora só pode adivinhar.
Não conseguia imaginar o nada,
hoje treme só de pensar.
Quando a criança era criança,
jogava com entusiasmo.
Agora só se entusiasma
com seu trabalho.

Quando a criança era criança,
vivia de maçãs e pão
era suficiente e ainda é assim.
Quando a criança era criança
as framboesas caíam em suas mãos e
ainda é assim.
Nozes deixavam sua língua áspera, e
ainda o fazem.
Chegando ao topo de cada montanha,
queria outra mais alta.
Em cada cidade
procurava outra maior.
E ainda o faz.
Subia nas árvores para colher cerejas.
Era tímido diante de estranhos, e
ainda o é.
Aguardava a primeira neve e
ainda a aguarda da mesma forma.
Quando a criança era criança,
arremessou uma lança de madeira contra uma árvore.
Ainda balança na árvore até hoje.