segunda-feira, 16 de março de 2015

Concurso de Escrita Criativa da Semana da leitura


Concurso de escrita criativa d. carlos i from Sandra Pratas


Eis os textos vencedores: 

Até as tuas palavras me alcançarem
de Mafalda Montoito, aluna do 9.º ano




          A queda torrencial da chuva acompanhava tristemente as lágrimas que dos olhos escorriam. As almas, perdidas no tempo com a mágoa, hipócritas, nem se apercebiam da minha figura até se lembrarem de que eu era a sua última esperança como futura rainha de Mirai (*). Com o falecimento do anterior rei, também meu pai, apenas sobrava um reino suportado por memórias que a ele se agarravam pois o passado era a única esperança que segurava o futuro. Antes de falecer, deixando lentamente cair o futuro nas minhas mãos, as mais improváveis palavras por ele foram ditas, e ficando sem entender o significando daqueles últimos sussurros, meu pai dissera-me: “Sem boas intenções, nunca boas são as ações e se as boas vozes não forem ouvidas, nunca as boas palavras serão ditas.” Parecendo-me que já não dizia coisa com coisa, acreditara que estas estranhas palavras não salvariam o reino que estava prestes a cair com a guerra dos tempos.
          As pétalas de cerejeira caíam das árvores sem destino nem esperança. Deixavam-se levar pelos ventos que as apanhassem e, cobrindo a varanda de madeira de várias tonalidades de cor-de-rosa e vermelho, as pétalas acabavam sempre por cair à minha frente, imóveis e serenas, de alma entregue a qualquer um. O desespero que surgia dentro de mim tornava-me velha e doente. Odiava-me pela minha ignorância, ou melhor, pela minha incapacidade de não poder salvar o que a mim me pertence. Nem mesmo os avisos do futuro mudavam o presente, ou pior, o que já era passado. Assim, com o egoísmo presente, agora passado e, eventualmente futuro, nada podia fazer. A humanidade estava tão corroída… tão cega… como poderiam os deuses salvar quem não quer ser salvo? Mas quando tudo estivesse perdido eu não poderia matar a saudade como me mataram a esperança.
          Há medida que o céu escurecia, e o sol, no imenso azul se afogava, as águas refletiam a minha face como se vissem através da minha máscara repleta de indiferença.
- “… Nunca as boas palavras serão ditas…” – Respirei fundo, como se a falta de oxigénio interferisse com o meu raciocínio e, sem contar o seu número, atirei as pedras que apanhara o mais longe possível, esperando que miraculosamente um sinal me indicasse como entender as palavras que me acorrentavam à mais profunda e triste lembrança de meu pai. – Que vozes? Das pessoas? Dos Deuses?
- As tuas… - Uma voz familiar aproximou-se trazendo a segurança firme e sólida nas suas palavras. – As tuas vozes, que te dizem?
          Ao voltar-me para trás apercebi-me de que ninguém ali estava. Era plena noite e a brisa fria refrescava-me a alma como se há muito não fosse purificada. A fresca noite despertava a curiosidade em mim, perguntando-me quem me teria dito tais palavras que, de certa maneira me faziam refletir sobre mim própria… Há medida que os segundos passavam, o mistério perdia a sua importância e a rápida reflexão que fizera fez-me compreender que os pensamentos negativos cercavam a minha mente como uma vedação indestrutível. “… Se as boas vozes nunca forem ouvidas…”, “…As minhas vozes…”. 
Tão poucas palavras lembravam-me que a esperança era a melhor arma numa guerra, e o meu falhanço devia-se à escassez de luz na escuridão. Como dona do futuro, era essa a minha maior arma.
          O futuro tornara-se passado. Dos últimos cinco dias já a história havia sido escrita, e, fechada numa sala a pensar, observava o passado e o presente, acreditando que nada do futuro seria destino marcado e que, com as minhas duas mãos que suportavam mil e um corações, o mudaria para sempre. Nas minhas bolas de cristal observava a beleza do ser humano tanto como os infinitos defeitos do homem. O erro era sempre o mesmo: a mentira construía uma mascara de ferro onde a razão não podia chegar. E, apesar de as tuas palavras me alcançarem, querido pai, como as faria chegar a eles? Com a ajuda da minha consciência rezava ao deuses que me levassem ao presente, onde poderia, com os meus próprios olhos, enfrentar a atual guerra. 
           A surpresa não me atingiu da maneira que esperava. Talvez por conhecer o futuro achara que o presente ainda tinha muito que cair mas mesmo assim, dos cinzentos céus ergui a cabeça como se o amanhã ainda estivesse longe. As almas não tinham desaparecido por completo mas, escondidas, difíceis eram de encontrar, e um simples toque de amor não as faria florescer outra vez. Abandonando o futuro destinado, caminhei em direção à estrada que imaginara e, num mundo ainda por sarar, havia muito a mudar. Mas com a ajuda da minha esperança iria arranjar maneira de as tuas palavras o presente alcançarem. 
         Espera por mim meu pai, num futuro onde o céu estará limpo e pronto a brilhar. Até todos serem livres eu estarei aqui para os relembrar de que as almas, juntas, no mais infinito escuro brilharão...
          

(*) “Mirai”: Palavra japonesa para “futuro”



Palavras do Meu Mundo
do aluno Marco Duarte Pinto

         Família, Habilidade, Atitude, Tempo, são as palavras do meu mundo. 
       Família, é quem tu escolhes para viver. Família é quem tu escolhes para ti, e não é preciso ter conta sanguínea. É preciso ter sempre um pouco de sintonia. A arte de ser feliz está nos limites que se colocam a si próprio.
  Habilidade é o que tu és capaz de fazer. A motivação determina o que tu fazes.
      Atitude determina o quanto bem tu fazes. Uma boa perspetiva consegue-se com experiência, e experiência consegue-se através de mais perspetivas. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje. Se tens que comer um sapo, não fiques a olhar muito para ele, e se tiveres que comer mais que um, começa logo pelo maior. Para além da nobre arte de fazer com que as coisas sejam feitas, existe a nobre arte de deixar as coisas por fazer. A sabedoria da vida está na eliminação do não essencial. Nada é mais difícil e requer mais personalidade do que dizer um não de forma clara e sonora. Os meus interesses e motivações, as competências profissionais, a minha formação, os pontos fortes e fracos, tudo a vida me deu.
       Tempo! É o jeito que a natureza deu para não deixar que tudo acontecesse de uma vez só. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme, e persistente, ilusão. Cada segundo que passa é um milagre que jamais se repete. Qualquer tempo é tempo. Na hora mesmo da morte, é hora de nascer. Nenhum tempo é tempo bastante para a ciência de ver e rever. Tempo, contratempo, anulam-se, mas o sonho resta de viver. Não podes dar mais dias à tua vida mas podes dar mais vida aos teus dias. Os únicos ladrões a quem a sociedade perdoa são os que nos roubam o tempo.    
          Sou mais transparente do que pensas, sou mais feliz do que sou e não me acomodo naquilo que não sou.



Palavras do Meu Mundo
Maria Fernandes, n.º 11 do 6ºB

Palavras do mundo … há muitas, até aquelas feias, ofensivas e desagradáveis das quais ninguém gosta!
Palavras do meu mundo só tenho cinco: Amizade, Felicidade, Honestidade, Fraternidade e Igualdade. No meu mundo, claro! Porque neste mundo quase não existem. Só existem no mundo daqueles que sabem aproveitar todos os momentos e usam palavras que ao dizê-las, até as saboreamos.
Línguas diferentes, palavras iguais.

Somos Palavras  

 Mafalda Ferreira do 4.º A




O meu Mundo é como uma só palavra. Lá somos todos unidos, assim como as letras se unem para formar uma só palavra.
O meu mundo é uma palavra e essa palavra é… palavra. Somos “palavra”, interagimos por palavras.
Se não existissem palavras para que servia o mundo? Para falar não seria, mas para viver talvez, mas viver sem palavras é como não viver.
No meu mundo, há palavras em todo o lado, na água, na terra e até no ar, mas principalmente dentro de cada Fling. Os Flings são criaturas que existem no meu mundo. São pequenas criaturas que se enchem de alegria quando cada bebé nasce. A função deles é ensinar-lhes a falar. Conforme as personalidades de alguém, vão-se adaptando e mudando. Há Flings animados, raivosos, mexidos, calmos…
Numa viagem pelo meu mundo, descobri que “palavra” não é o mesmo em cada país. Em inglês é word, em francês é mot, em espanhol é palabra, em italiano é parola, em romeno é cuvânt e em latim é verbum. Mas, apesar de se escrever e ler de outra forma, o seu significado é sempre o mesmo, porque só assim se comunica.
As palavras têm uma espécie de poder, porque tanto servem para discursos, como para letras das canções, televisão, rádio… mas principalmente nos corações. Sem coração não se tem nada a dizer, e sem nada a dizer não haveria nada. Essa é a razão por que as palavras têm “poder”, mas na realidade, somos nós, as pessoas, que temos poder sobre elas. Se não usarmos palavras, para que servem elas?

O meu mundo é tudo, pois, se sem palavras não há nada, o meu mundo é tudo, porque o meu mundo sou eu e toda a gente, é alegria e tristeza, raiva e calma, é palavras e palavras porque palavras são palavras e não tem outro significado a não ser O MEU MUNDO!

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